Caminhadas na Natureza geram renda no meio rural 05/11/2012 - 15:05

Um convite dos técnicos do Instituto Emater, em 2007, para que participasse da realização de uma Caminhada na Natureza, servindo café e lanche aos visitantes, transformou a vida de Terezinha Luísa Chandelier. Moradora da comunidade Ribeirão Bonito do Chapéu, em Cerro Azul, ela encontrou nas caminhadas uma oportunidade para melhorar a renda. Como ela, centenas de pequenos agricultores se beneficiam do turismo rural no Paraná.

Organizadas pelo Instituto Emater, pela Ong Anda Brasil e pelas secretarias municipais de turismo, as caminhadas envolvem atualmente 427 famílias rurais, em 63 circuitos oficiais. O turismo transformou-se numa fonte de renda para os agricultores, além de despertar neles o potencial empreendedor e valorizar comunidades até então esquecidas.

“Participo de três caminhadas ao ano. Quando os visitantes não passam por aqui eu vou até onde eles estão para vender as bolachas e pães que faço. Além do ganho extra, é uma oportunidade de mostrar a nossa produção”, afirma Terezinha. Ela gostou tanto da novidade que resolveu criar um pequeno restaurante em sua propriedade para servir refeições aos turistas.

GERAÇÃO DE RENDA – De acordo com Alexandre Brighetti, diretor municipal de Turismo Rural de Cerro Azul, as caminhadas dão mais visibilidade aos agricultores. “Alguns produtores estão construindo restaurantes e pousadas para receber os turistas. Um grupo de famílias da comunidade Barreiro do Turvo, por exemplo, resolveu criar uma feira semanal de produtos orgânicos, depois dos bons resultados obtidos com as vendas durante as caminhadas”, conta Brighetti.

Irani Pereira de Oliveira, de Nova Tebas, diz que as caminhadas serviram de incentivo para ela entrar nesse mercado. Com mais quatro vizinhas, Irani organiza o café servido aos caminhantes há quatro anos na região. Há pouco tempo ela comprou uma máquina de fazer pão e pretende melhorar a sua cozinha. “Antes era muito difícil vender qualquer produto. Hoje não. Já comecei a entregar no mercado daqui e as pessoas estão fazendo encomendas. As meninas da comunidade também estão conseguindo vender produtos de crochê para os turistas”, conta.

O presidente do Instituto Emater, Rubens Niederheitmann, lembra que uma das prioridades do trabalho de extensão rural é a fixação do homem rural e sua família no campo, com renda e conforto. “Para isso são necessárias oportunidades geradoras de renda factíveis e que preservem o meio ambiente”, diz.

As Caminhadas da Natureza e o turismo rural são boas alternativas para que famílias rurais permaneçam no campo aumentando sua renda, preservando o meio ambiente e, principalmente, melhorando suas condições de vida. Elas também permitem aproximar o homem urbano da vida rural, o que para muitos significa o retorno às suas raízes, afirma Niederheitmann.

A renda gerada pelas caminhadas é significativa, segundo Antonio Ricardo Milgioransa, coordenador estadual de Turismo Rural do Instituto Emater. “Cada turista gastou em média, no ano passado, R$ 14 por circuito. A cada R$ 1 investido na atividade as comunidades receberam R$ 4,60, direta ou indiretamente”, explica.

Uma caminhada envolve toda a cadeia produtiva, desde a elaboração dos alimentos para o café até a melhoria da infraestrutura para receber os turistas e a preservação dos recursos naturais. Tudo isso fica na comunidade, que também aumentou seu grau de organização, destaca Milgioransa.

Um bom exemplo de organização é o do município de Cândido de Abreu. Segundo Marcela Cristiane Diula, presidente da Associação Nova Esperança, do distrito Tereza Cristina, foi graças às caminhadas que a entidade se fortaleceu. “Antes ninguém falava bem da nossa comunidade. E isso mudou. O pessoal passou a conhecer o lugar e nós provamos que somos capazes de fazer mais coisas além da agricultura”, ressalta.

O sonho de Marcela é equipar a associação com uma cozinha industrial. Por enquanto, os recursos conseguidos com as caminhadas foram suficientes para a compra de pratos, talheres, panelas e um forno para o grupo. A chegada dos turistas também trouxe valorização para a população local. “Estamos mais motivados para fazer as coisas. Vamos poder mudar e melhorar a nossa realidade”, afirma Marcela.

O sítio São Miguel, de Vladslau Erbiche, faz parte do Caminho do Vinho, em São José dos Pinhais. Tradicional produtor de olerícolas, há dois anos ele se integrou ao circuito turístico do município para atrair turistas à propriedade. Erbiche já possuía um salão que alugava para eventos, mas viu nas caminhadas uma nova oportunidade de negócios. Que deve crescer, diz ele, já que o circuito foi incluído pelo Ministério do Turismo nos projetos que devem receber recursos da Copa 2014.

INTERNACIONAL – Todas as caminhadas organizadas pelo Instituto Emater são eventos que se integram ao calendário de caminhadas internacionais coordenado pela Ong Anda Brasil e pela Federação Internacional de Esportes Populares. Calcula-se que haja atualmente sete mil circuitos de caminhada em 50 países.

Em todo o mundo a comunidade de caminhantes chega a 17 milhões de praticantes.

Mais informações sobre as caminhadas podem ser obtidas no site www.emater.pr.gov.br, no menu “Eventos”, à esquerda da página.

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